Hoje, celebramos o 71º aniversário da canonização de Maria Domingas Mazzarello, cofundadora com Dom Bosco do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, proclamada Santa pelo Papa Pio XII em 24 de junho de 1951.

Legenda: Foto da cerimônia de canonização, no interior da Basílica de São Pedro.

Uma história de santidade e simplicidade

Maria Domingas Mazzarello nasceu em Mornese (Alexandria, Itália) no dia 9 de maio de 1837 em uma família de camponeses. Trabalho intenso e alegre vida cristã marcavam o convívio familiar. Com 15 anos consagrou-se totalmente a Deus. Pouco tempo depois entrou na Associação das Filhas de Maria Imaculada, empenhando-se mais intensamente nos serviços de apostolado e de caridade.

Em 1860, os moradores de Mornese foram surpreendidos pela doença do tifo. Maín, como era chamada, foi socorrer os parentes doentes e acabou contraindo a doença. Depois de muitas semanas de cama, ela conseguiu se restabelecer, mas nunca mais voltou a ter a força e o vigor físico de antes. Um dia, atravessando a colina de Borgoalto, em uma espécie de visão, ela contempla um grande Colégio e um grupo de meninas que brincam no pátio. Sente uma voz que lhe diz: “A ti as confio”.

O encontro com Dom Bosco (1864) assinalou para ela uma etapa decisiva. O Santo, que andava amadurecendo um projeto apostólico para as meninas, com a colaboração de Maria Mazzarello fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA). E é neste projeto de Dom Bosco que Maín consegue entender e acolher como um chamado a visão de Borgoalto.

Em 1872 Maria Mazzarello fez os votos religiosos e foi eleita a primeira superiora do recém-fundado Instituto; neste serviço desenvolveu insuperáveis talentos de mãe e animadora. O Instituto das FMA cresce, se expande, outras casas são abertas e as obras se multiplicam.

Com apenas cinco anos de fundação, em 1877, as primeiras FMA deixam Mornese e partem como missionárias em direção ao Uruguai. Madre Mazzarello acompanha todas e tudo. Às filhas distantes, no outro Continente, ela escreve cartas cheias de maternidade e simplicidade, oferecendo claras orientações e conselhos. Com a saúde fragilizada, ela vai se consumindo, mas sempre com muita lucidez, abertura de mente e acompanhando de perto as Irmãs e as jovens que vão entrando no Instituto.

No dia 14 de maio de 1881, com apenas 44 anos, Madre Mazzarello faleceu na casa de Nizza Monferrato (Asti), para onde havia sido transferida a Sede geral do Instituto em 1879.

Mazzarello viveu seu caminho de santidade na simplicidade e na fidelidade ao cotidiano. Ela conheceu, por experiência e sabedoria, a beleza secreta da cotidianidade vivida com amor humilde e misericordioso, que tem o sabor da fidelidade, da criatividade, do fazer-se dom para os outros.

Legenda: Interior da Basílica de São Pedro, Roma (Itália). Procissão inicial da missa.

A trajetória para a canonização

No dia 24 de junho de 1951, tomam conta da Basílica de S. Pedro peregrinos provenientes de todas as partes do mundo, alunas, ex-alunas, Salesianos cooperadores, Salesianos, mas especialmente muitas FMA com a Madre Geral de então, Madre Linda Lucotti, e o seu Conselho. Estavam presentes 32 Inspetoras da Itália, da Europa, da América e do Oriente Médio, três mil FMA: diretoras, Irmãs em geral, noviças, postulantes, aspirantes, jovens, famílias.

O processo de canonização teve início na Cúria de Acqui – Itália, no dia 23 de junho de 1911. Dom Ferdinando Maccono foi escolhido como Vice-Postulador da Causa.

Em 1918, foi nomeado relator da Causa, o cardeal Padre João Cagliero, figura muito significativa devido à sua grande familiaridade com Irmã Maria Mazzarello.

Entre 1918 e 1924 foi realizado o Processo sobre as Cartas Mazzarello.

As cartas recolhidas foram autenticadas pela Cúria de Acqui em vista do julgamento por parte dos teólogos. Um deles registra com satisfação que Madre Mazzarello, por meio das cartas, deixa entrever o “cuidado especial” para com a formação das coirmãs, a sua humildade e o seu ardente amor por Jesus, que foi o único objetivo de sua vida.

Umas das testemunhas mais significativas durante o processo foi Irmã Petronilla, amiga íntima de Irmã Maria Mazzarello. Declarou: “Conheci pessoalmente e muito Irmã Maria Mazzarello desde quando eu tinha 12 anos” (naquele tempo havia 70). Sabemos que no início Irmã Petronilla ficou um pouco confusa e dizia a Padre Ferdinando Maccono: “Eu não sei se Irmã Maria ficaria contente, ela que tanto gostava e procurava sempre passar despercebida…”. Entretanto, convencida pelas Superioras e pelo próprio Padre Maccono, também ela se apresentou para testemunhar. De todos os testemunhos obviamente o seu se distinguiu pela qualidade e credibilidade documentária, mesmo não sendo muito detalhado.

Em 1925, a Causa foi levada para Roma, à Santa Congregação dos Ritos. No dia 27 de maio de 1925, o Papa Pio XI confirma o voto favorável para a introdução da Causa.

Em 1929, aconteceu em Nizza o reconhecimento dos restos mortais segundo os procedimentos prescritos, em presença dos médicos e de pessoas competentes.

Em 1935, entrava-se deste modo em uma das mais decisivas fases do processo, isto é, na avaliação da prática das virtudes, se vividas em grau heroico, e se os milagres verdadeiramente se confirmavam.

Foram examinados e aprovados os dois milagres apresentados à Santa Congregação dos Ritos e ratificados pelo Santo Padre; Ercolina Mazzarello de quatro anos foi curada de poliomielite, e Rosa Bellavita, curada de uma peritonite tuberculosa com a idade de 12 anos.

No dia 13 de maio de 1936, na Sala do Consistório, na presença do Papa Pio XI, foi feita a leitura do Decreto de heroicidade das virtudes . Em 1937, os seus restos foram transportados de Nizza para Turim, primeiramente na Capela das Relíquias em um túmulo provisório, à espera de ser colocados na Basílica de Maria Auxiliadora.

Irmã Maria Domingas tinha superado todas as provas e, por isso, no dia 20 de novembro de 1938 em Roma, na Basílica de São Pedro, aconteceu a solene beatificação.

No dia 2 de julho de 1941 foi publicado o decreto de reintegração do caso pela Congregação dos Ritos. Os processos apostólicos para o reconhecimento dos milagres foram realizados um em 1942, em Biella, sobre o primeiro milagre, e o outro, em 1948, junto à Cúria de Milão.

Irmã Maggiorina Avalle (1896-1989) FMA foi curada instantaneamente em Roppolo Castello (Biella), com a idade de 45 anos, na noite de 15 de agosto de 1941 de uma septicemia generalizada. O mal resistia a qualquer tratamento, e os médicos disseram que restavam poucas horas de vida à Irmã.

Carla Ramponi de Castano Primo (Milão) foi curada de uma nefrite aguda com uma grave uremia convulsiva quando tinha apenas oito anos, no dia 24 de novembro de 1946, depois que uma FMA colocou debaixo da cabeça da menina, que já parecia morta, a relíquia de Madre Mazzarello. Carla curou-se milagrosamente, em meio à admiração dos próprios médicos.

Chegou-se, portanto, ao decreto para a aprovação dos milagres lido com grande solenidade no dia 13 de março de 1950 na presença do Papa Pio XII.

24 de junho de 1951: canonização de Santa Maria Domingas Mazzarello proposta ao culto da Igreja universal. Ou seja, Madre Mazzarello foi reconhecida como “Santa” pela Igreja Católica.

Legenda: Madre-geral daquela época, algumas Irmãs Salesianas e convidados que participaram da missa de canonização.